segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Halder Gomes dá golpe certeiro com "O Shaolin do Sertão"


Cena de "O Shaolin do Sertão"_http://bangalocult.blogspot.com
Duelo final: Shaolin x Toni Tora Pleura

Confesso que estava ansiosa por assistir a "O Shaolin do Sertão", novo filme de Halder Gomes, na expectativa de compará-lo ao seu primeiro longa-metragem- "Cine Holliúdy"- lançado há três anos e que levou cerca de 500 mil espectadores aos cinemas brasileiros. Surpreendi-me com o resultado dessa nova produção, que também explora o lado nostálgico do cinema, evocando os filmes de lutas marciais- sobretudo aqueles que passavam na TV, nos anos 1970/1980- e, de certa forma, as aventuras dos Trapalhões. O humor rasgado está presente em, praticamente, todas as cenas, não deixando brecha para o público se recuperar dos constantes ataques de risos.

Em parte, isso se deve à performática interpretação de Edmilson Filho, que dá vida a Aluízio Liduíno (Aluízio Li), um padeiro de Quixadá (CE), aficionado por kung fu, que durante o trabalho na mercearia de seu Zé (Dedé Santana), não cansa de se imaginar, derrotando vilões orientais com seus golpes certeiros, além de salvar a linda Anésia Shirley (Bruna Hamú), filha do patrão.

Ao despertar de seus devaneios, ele percebe que não será fácil desbancar o noivo da sua amada, Armandinho (Marcos Vera). A chance de conquistar o coração de Shirley e o respeito de seus conterrâneos- inclusive de sua mãe, Dona Zefa (Fafy Siqueira)- surge quando o prefeito da cidade, Rossivaldo (Frank Menezes) recruta um lutador local para desafiar o temível Toni Tora Pleura (Fábio Goulart), que circula pelo interior do Estado, derrotando vários adversários de uma só vez.  Aluízio Li é o escolhido para a difícil missão e ajudado pelo garoto Piolho (Igor Jansen), vai atrás do Mestre Chinês (o cantor Falcão) para aprimorar sua técnica.

A partir daí, não faltam referências aos filmes de lutas marciais: desde os protagonizados por Bruce Lee- como o icônico "O Dragão Chinês"- passando por "Karatê Kid" (1984) e, até, a animação "Kung Fu Panda" (2008). Chinês usa de sua filosofia oriental (ou melhor, de sua filosofia cearense) para alimentar o lado espiritual de Aluízio Li, enquanto o corpo será exigido dia após dia, com provas de força, agilidade, concentração e equilíbrio. Depois do árduo treinamento, é hora de voltar para casa e se preparar para a grande luta, mas antes disso, Li descobrirá não só a verdade por trás do misterioso Mestre Chinês, como o segredo por trás da identidade de seu verdadeiro pai.

Percebe-se que Halder Gomes amadureceu como cineasta com esse novo trabalho. Diferentemente, de "Cine Holliúdy", em que a narrativa era fragmentada, muitas vezes em pequenos blocos que mais lembravam esquetes- fazendo com que os momentos de humor fossem inconstantes- "O Shaolin do Sertão" apresenta uma narrativa mais coesa, com referências ora sutis, ora bem marcadas de clássicos do cinema mundial, ligadas à memória afetiva do diretor (nem sempre dos filmes do gênero de lutas orientais); o número de personagens diminuiu drasticamente, podendo até mesmo certos coadjuvantes, serem bem delineados; o humor ingênuo é intenso e crescente, culminando com o "grand finale" e também explora, inteligentemente, paisagens pitorescas do sertão cearense, gerando momentos de "respiro".

O mérito para tamanho sucesso até agora- no fim de semana de estreia no Ceará, conseguiu levar cerca de 45 mil espectadores ao cinema- responde pelo entrosamento da dupla de amigos, Halder Gomes e Edmilson Filho e o apelo popular desse tipo de comédia. Destaque para a trilha sonora, que conta com clássicos eternizados na voz de Fagner, Odair José; os efeitos especiais, capitaneados por Marcio Ramos e Jorge Uchoa e o trabalho de edição e mixagem de som de Érico Paiva.

Leve um lencinho para a sessão. Você irá chorar, de tanto rir.... 

Um comentário:

Adelvan disse...

Também curti muito, achei bem melhor que Cine Holiude. Foram duas horas de purta diversão no cinema, algo bem necessário nesses tempos difíceis ...

Pra mim pega também pq porque em Itabaiana, onde nasci e cresci, aquela cultura de filmes de artes marciais era bastante presente ...