quarta-feira, 22 de abril de 2015

Cinemateca Brasileira realiza Retrospectiva do Cinema Novo

O Brasil vivia um fértil momento de transformações na década de 1950 – uma intensa migração de pessoas do campo para as cidades, uma sociedade de perfil agrário que passava a industrial, a construção de Brasília e a arquitetura de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, a publicação de “Grande Sertão: Veredas” de João Guimarães Rosa e “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto, a estreia teatral de “Orfeu da Conceição” de Vinícius de Moraes com música de Tom Jobim, o lançamento do disco “Chega de Saudade” de João Gilberto.

Um grupo de cineastas ainda muito jovens, influenciados por filmes como “Rio 40 Graus” de Nelson Pereira dos Santos e “O Grande Momento” de Roberto Santos, pela Nouvelle Vague, e atentos à movimentação cultural que acontecia, começa a dar forma ao Cinema Novo. É um dos passos mais efetivos de nossa cinematografia em direção ao cinema moderno, tanto na linguagem dos filmes, como no uso de equipamentos mais modernos.

A partir do dia 30 de abril, a Cinemateca Brasileira faz uma retrospectiva desse movimento, exibindo 53 filmes - 35 longas-metragens e 18 curtas-metragens - diversos deles raramente exibidosA retrospectiva apresenta alguns dos primeiros passos de cineastas ligados ao movimento: “Pátio” (1959), primeiro curta de Glauber Rocha, uma obra experimental interpretada por Helena Ignez; “O Poeta do Castelo” e “O Mestre dos Apipucos” (1959), dois curtas de Joaquim Pedro de Andrade acerca do trabalho de Manoel Bandeira e Gilberto Freyre, respectivamente; “Arraial do Cabo” (1960), obra inaugural de Paulo César Saraceni, dirigido em parceria com o fotógrafo Mário Carneiro; os marcos do cinema baiano “Bahia de Todos os Santos” (1960) de Trigueirinho Neto, “A Grande Feira” (1961) e “Tocaia no Asfalto (1962) de Roberto Pires; o longa coletivo “Cinco Vezes Favela” (1962) com episódios de Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirszman, Carlos Diegues, Miguel Borges e Marcos Farias, uma das principais obras do período.

Serão exibidas novas cópias em 35mm de “Esse Mundo é Meu” (1964) de Sérgio Ricardo e “O Bravo Guerreiro” (1968) de Gustavo Dhal, produzidas especialmente para esta mostra. Cópias restauradas anteriormente pela Cinemateca, e ainda inéditas em São Paulo, de filmes como “Câncer” (1968/1972) de Glauber Rocha, “S. Bernardo” (1972) de Leon Hirszman,  “Brasil Ano 2000” (1969) de Walter Lima Jr., “Os Cafajestes” (1962), de Ruy Guerra e “O Padre e a Moça” (1966) de Joaquim Pedro de Andrade.

Filmes raros como “Gimba, Presidente dos Valentes” (1963) de Flávio Rangel, “Ganga Zumba” (1964), A Grande Cidade (1966) e Os Herdeiros (1969) de Carlos Diegues; “O Grito da Terra” (1964) de Olney São Paulo, “Garota de Ipanema” (1967) de Leon Hirszman e “Memória de Helena” (1969) de David Neves. Também preciosidades pertencentes a acervos parceiros, como “A Vida Provisória” (1968) de Maurício Gomes Leite, “Os Deuses e os Mortos” (1970) de Ruy Guerra e “A Casa Assassinada” (1971) de Paulo César Saraceni.

Uma grande exposição complementa a experiência da mostra, que prossegue até o dia 15 de junho, com diversos materiais referentes à produção dos filmes, como roteiros originais e storyboard, que registram o processo criativo das obras; documentos que mostram a enorme repercussão do movimento no Brasil e no exterior (reportagens de jornais nacionais e estrangeiros, artigos da crítica especializada, folhetos dos filmes e de eventos, certificados de premiação); documentos que registram as relações pessoais e profissionais entre os integrantes do cinema novo (cartas, poemas, críticas dos filmes); publicações diversas sobre o Cinema Novo; materiais de divulgação: cartazes originais, muitos criados por grandes nomes das artes gráficas no país (Rogério Duarte, Ziraldo, Rubens Gerchman, Lielzo Azambuja) e fotografias (de cena, de filmagens, das personalidades, reprodução de fotogramas dos filmes).

A Cinemateca Brasileira localiza-se no Largo Senador Raul Cardoso, 207- Vila Clementino, na capital paulista. As sessões são gratuitas, sujeita apenas, à lotação da sala. Confira a programação do primeiro final de semana:

QUINTA 30/04
SALA BNDES
18h A GRANDE FEIRA
20h PÁTIO | BARRAVENTO
SALA PETROBRAS
18h30 BAHIA DE TODOS OS SANTOS
20h30 CINCO VEZES FAVELA

 SEXTA 01/05
SALA BNDES
16h O POETA DO CASTELO | O MESTRE DOS APIPUCOS | ARUANDA | ARRAIAL DO CABO
18h TOCAIA NO ASFALTO
20h OS CAFAJESTES
SALA PETROBRAS
17h PORTO DAS CAIXAS
19h GIMBA, PRESIDENTE DOS VALENTES

SÁBADO 02/05
SALA BNDES
16h GARRINCHA, ALEGRIA DO POVO
18h A FALECIDA
20h DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL
SALA PETROBRAS
17h GANGA ZUMBA
19h00 O GRITO DA TERRA

DOMINGO 03/05
SALA BNDES
17h OS FUZIS
19h O DESAFIO
SALA PETROBRAS
18h MEMÓRIA DO CANGAÇO | NOSSA ESCOLA DE SAMBA | VIRAMUNDO | SUBTERRÂNEOS DO FUTEBOL


Nenhum comentário: