domingo, 27 de julho de 2014

A História da Eternidade vence o VI Paulínia Film Festival

"A História da Eternidade", primeiro longa de ficção do pernambucano Camilo Cavalcante, foi o grande vencedor do 6º Paulínia Film Festival, encerrado na noite de hoje. O filme levou os Troféus Menina de Ouro de Melhor Filme, Diretor (Cavalcante), Ator (Irandhir Santos) e Atriz (dividido entre Marcélia Cartaxo, Zezita Matos e Debora Ingrid).

O filme contra três histórias de amor e desejo num pequeno vilarejo do sertão nordestino, que revolucionam a paisagem afetiva de seus moradores. Numa delas, um artista (Irandhir) ajuda a sobrinha (Ingrid) a ver o mar pela primeira vez. Em outra, uma viúva (Cartaxo) começa a abrir seu coração para o cego do vilarejo. Na terceira, uma avó (Zezita) recebe a visita do neto que regressou de São Paulo, fugindo de um passado turbulento.

Em seis edições do festival, é a terceira vez que Irandhir Santos vence a Menina de Ouro de Melhor Ator. Em 2009, ele venceu pelo filme "Olhos Azuis" de José Joffily, e em 2011, por "Febre do Rato" de Cláudio Assis.

"Casa Grande", primeiro longa de ficção de Fellipe Barbosa, também ficou com quatro prêmios: o Prêmio Especial do Júri, Ator Coadjuvante (Marcello Novaes), Atriz Coadjuvante (Clarissa Pinheiro) e Roteiro (Fellipe e Karen Sztajnberg). O filme conta a história de Jean, adolescente de 17 anos de classe alta no Rio de Janeiro que faz suas primeiras descobertas afetivas e sexuais, enquanto toma consciência das divisões de classe e de raça ao seu redor.

"Boa Sorte" de Carolina Jabor, história da relação entre um adolescente de 17 anos e uma moça com problemas psiquiátricos (Deborah Secco) ficou com o Prêmio do Público e Direção de Arte (Claudio Amaral Peixoto). "Sangue Azul" de Lírio Ferreira, venceu os Troféus de Melhor Fotografia (Mauro Pinheiro Jr) e Figurino (Juliana Prysthon).

Também foram premiados o musical "Sinfonia da Necrópole" (Melhor Trilha Sonora), o documentário "Aprendi a Jogar com Você" (Montagem) e o docudrama "Castanha" (Som).

Entre os curtas-metragens, "O Clube" de Allan Ribeiro, sobre um antigo clube de drag queens no Rio foi o grande vencedor com quatro prêmios: Troféu Menina de Ouro de Melhor Filme, Direção, Prêmio do Público e da Crítica (Júri Abraccine - Associação Brasileira de Críticos de Cinema). "O Bom Comportamento" de Eva Randolph levou o prêmio especial do júri e "Edifício Tatuapé Mahal" de Carolina Markowicz e Fernanda Salloun, o de melhor roteiro.

Ao longo de cinco dias de sessões gratuitas e abertas ao público, o Festival recebeu um total de 24 mil espectadores.

A cerimônia de encerramento foi apresentada pelos atores Caio Blat (“Alemão”, as novelas “Joia Rara” e “Império”) e Tainá Muller (“Tropa de Elite 2”, a novela “Em Família”).


LISTA COMPLETA DA PREMIAÇÃO

Filmes de longa-metragem
Melhor Filme: R$ 300.000: A HISTÓRIA DA ETERNIDADE, de Camilo Cavalcante
Melhor Direção: R$ 50.000: CAMILO CAVALCANTE, por A História da Eternidade
Melhor Ator: R$ 30.000: IRANDHIR SANTOS, por A História da Eternidade
Melhor Atriz: R$ 30.000: MARCÉLIA CARTAXO, ZEZITA MATOS E DEBORA INGRID, por A História da Eternidade
Melhor Ator coadjuvante: R$ 15.000: MARCELLO NOVAES, por  Casa Grande
Melhor Atriz coadjuvante: R$  15.000:  CLARISSA PINHEIRO, por Casa Grande
Melhor Roteiro: R$ 15.000: FELLIPE BARBOSA E KAREN SZTAJNBERG, por Casa Grande
Melhor Fotografia: R$  15.000: MAURO PINHEIRO JÚNIOR, por Sangue Azul
Melhor Montagem: R$ 15.000: EVA RANDOLPH, por Aprendi a Jogar com Você
Melhor Som: R$ 15.000: THIAGO BELLO por Castanha
Melhor Direção de arte: R$ 15.000: CLAUDIO AMARAL PEIXOTO, por Boa Sorte
Melhor Trilha Sonora: R$ 15.000: JULIANA ROJAS, MARCO DUTRA E RAMIRO MURILO, por Sinfonia da Necropole
Melhor Figurino : R$  15.000: JULIANA PRYSTHON, por Sangue Azul
Especial Júri: R$  100.000: FELLIPE BARBOSA, por Casa Grande

Filmes de curta-metragem
Melhor filme: R$ 30.000: O CLUBE, de Allan Ribeiro
Melhor Direção: R$ 20.000: ALLAN RIBEIRO, por O Clube
Melhor Roteiro: R$ 15.000: CAROLINA MARKOWICZ E FERNANDA SALLOUM, por Edifício Tatuapé Mahal
Especial Júri: R$ 20.000:  O BOM COMPORTAMENTO, de Eva Randolph

Prêmio do Público
Melhor longa-metragem: R$ 50.000: BOA SORTE, de Carolina Jabor
Melhor curta-metragem : R$ 20.000: O CLUBE, de Allan Ribeiro
JÚRI ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema
Melhor longa-metragem: A HISTÓRIA DA ETERNIDADE, de Camilo Cavalcante
Melhor curta-metragem: O CLUBE, de Allan Ribeiro

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Morreu Roberto Nunes, idealizador do Cine Cult



Roberto Nunes_http://bangalocult.blogspot.com
Roberto Nunes num dos eventos do Cine Cult

 

 Ainda custo a acreditar na notícia publicada no portal da Tribuna do Norte, na manhã de ontem: “Roberto Nunes, produtor do Cine Cult, morre em Natal”. Mas é verdade. Vítima de uma hemorragia digestiva, o paulista de 47 anos, faleceu na madrugada de ontem, no Hospital Walfredo Gurgel, da capital potiguar, onde residia. Ele era diabético e hipertenso.


Pode-se dizer que o idealizador do Cine Cult, o cara que trouxe para Aracaju, a possibilidade dos cinéfilos sergipanos não ficarem tão desatualizados em matéria de estreias do dito “cinema independente” ou “de arte”, deixou uma parcela considerável de órfãos. 


Nunes, através da Cine Video Educação, iniciou suas atividades na capital sergipana, em setembro de 2005, quando implantou no extinto Moviecom, do Riomar Shopping, o Cinema de Arte. O projeto proporcionou ao público carente de bons filmes no cinema, o prazer de conferir produções da estirpe de “Dogville”, “O Leopardo”, “2046”, “Pai e Filho”, “Time”, entre outros, até 2007, quando o cinema fechou suas portas.


Depois, Roberto Nunes levou a ideia ao Cinemark, que a abraçou. Nascia, assim, o Cine Cult, que deu tão certo na pequena Aracaju- a estreia por aqui foi com o filme “O Hospedeiro” de Joon-ho Bong – que aos poucos foi sendo levado para outras praças e, atualmente, contemplava 18 cidades e 26 complexos.
Para quem pensava que a capital sergipana só tinha plateia para o cinemão, os projetos coadjuvantes que Roberto Nunes implementou- como a “Virada Cinematográfica” e a “Sessão Notívagos”- só mostrava o contrário. Quanto mais cinema, melhor. E foi assim, durante sete anos. 


“Bubble”, “A Criança”, “A Culpa é do Fidel”, “Marie –Jo e Seus Dois Amores”, “O Fantástico Sr. Raposo”, “O Anti-cristo”, “Sede de Sangue”, “Incêndios”, “O Garoto da Bicicleta”, “O Homem que Grita”, “Amor”, “Moonrise Kingdom” , A Vida dos Outros”, “Infância Roubada”, “A Casa de Alice”, “A Via Láctea”, “Hércules 56”, “Vermelho como o Céu”, “O Pequeno Italiano”, “Amor”, “Pelo Malo” foram algumas das pérolas que tivemos a oportunidade de assistir e debater. 


Mas algumas sessões foram emblemáticas como a do filme “O Violino” de Francisco Vargas, já que só existia uma cópia em 35 mm, circulando no Brasil e não foi fácil para Roberto Nunes consegui-la; “Do Começo ao Fim” de Aluizio Abranches, que teve sessões bem concorridas, sendo um dos filmes com maior número de espectadores do projeto, ainda que seja um desastre cinematográfico; a do filme francês “O Papel da Sua Vida” de François Favrat que teve direito até ao alarme de incêndio tocando, indevidamente, no meio da exibição; “Incêndios” de Denis Villeneuve que foi exibido no 4º aniversário do projeto, na sala 8 (a maior do complexo Jardins) e deixou muita gente “grudada” na poltrona após os créditos finais. 


A troca de ideias podia ser com os frequentadores assíduos, logo após a sessão, ou com os convidados que o produtor trazia, a exemplo dos diretores Lina Chamie, Silvio Da-Rin e Vladimir Carvalho. Num dos últimos projetos que Roberto Nunes havia iniciado -“Conversas Cine Cult”- ele trouxe a Aracaju, em janeiro, o premiado diretor de “O Som ao Redor”, Kléber Mendonça Filho. Para esse segundo semestre, ele já havia sinalizado a possibilidade de trazer para cá, o cineasta Júlio Bressane.


Os últimos filmes em cartaz no Cine Cult Aracaju foram “Inch'Allah" de Anaïs Barbeau-Lavalette e “Que Estranho Chamar-se Federico!” de Ettore Scola. Torço para que a rede de multiplex não acabe com o projeto que deu tão certo e arregimentou um novo público frequentador das salas de cinema.


Notívago de “carteirinha”, workaholic, mal humorado prá uns e boa praça para outros, apreciador das obras de Bresson, Polanski e Bergman e leitor do sergipano Francisco Dantas,  Roberto Nunes deverá ser sepultado na cidade de Bauru (SP).



quinta-feira, 3 de julho de 2014

Sonora Brasil traz a música de Edino Krieger a Aracaju



Quinteto Brasília: uma das atrações do projeto

Quando a 16ª edição do projeto Sonora Brasil, promovido pelo SESC Nacional, desembarcou em Sergipe, no ano passado, o tema explorado foi “Tambores e Batuques”. De 27 a 30 de julho, a segunda etapa do projeto musical desembarca no Estado, trazendo a música de Edino Krieger e de compositores diversos que marcaram presença nas Bienais de Músicas Contemporâneas, partir de apresentações de grupos como o Quinteto Brasília (apresenta composições escritas para instrumentos de sopro); o Quarteto Belmonte (apresenta a obra para cordas); o Octeto do Polyphonia Khoros (a obra para canto coral); e o Duo Cancionâncias ( para violão e canto).

Além das apresentações musicais, serão oferecidas duas oficinas, no SESC/centro, das 14 às 17h, sendo uma no dia 27 de julho (instrumentos de sopro) com o Quinteto Brasília e, outra, no dia 28 de julho (violão e canto erudito) com Duo Cancionâncias.  No dia 27, a partir das 17h, apresenta-se no SESC/centro, o Quarteto Belmonte e, no dia 28, às 19h, no mesmo local, o Quinteto Brasília. No dia 29 de julho, no SESC/Siqueira Campos, às 14h, acontecerá o show do Duo Cancionâncias, enquanto que no dia 30, às 15h, no SESC/Socorro, tocará o Octeto do Polyphonia Khoros. A programação é gratuita.

Sobre Edino Krieger- Nasceu em 17 de março de 1928, na cidade de Brusque, Santa Catarina, onde iniciou os estudos de violino aos sete anos com o seu pai, o compositor e regente Aldo Krieger. Hans Joachim Koellreutter foi seu principal professor. Estudou com ele harmonia, contraponto, fuga, análise, estética musical e composição.

Teve uma formação complementar com Aaron Copland no Berkshire Music Center de Massachussets e, ainda, na Juilliard School of Music e na Henry Street Selttement, nos Estados Unidos. Em Londres, realizou um estágio com Lennox Berkeley. Sua carreira é coroada de prêmios, distinções e homenagens (PAZ, Vol. II, Cap. V, p. 173-176).

Realizou um trabalho sistemático como crítico musical nos jornais Tribuna da Imprensa e Jornal do Brasil produzindo aproximadamente 700 críticas de grande valor documental.  Dentre suas grandes realizações como produtor musical destaca-se: os Concursos Corais do Jornal do Brasil, o Projeto Memória Musical Brasileira e os Festivais de Música da Guanabara e as Bienais de Música Brasileira Contemporânea (BMBC), indo, em 2013, para a sua 20ª edição.

Esse evento, ao longo de suas dezenove ininterruptas edições (de 1975 a 2011), contou com a participação de 412 compositores e um número considerável de primeiras edições mundiais, no Brasil e no Rio de Janeiro e, cuja relevância, foi constatada pelos depoimentos dos compositores participantes. Segundo informações constantes do Relatório de atividades, datado de 2009, do Diretor do Centro de Música da Funarte — musicólogo Flávio Silva —, todas as obras foram gravadas e integram o Banco de Gravações Sonoras, que conserva registros desde a primeira Bienal, de 1975, em um total de 900 títulos.

Do compositor podemos dizer que suas obras figuram nos programas de concerto de orquestras, conjuntos camerísticos, corais e intérpretes solistas, tanto no Brasil quanto no exterior, sendo longa a lista de intérpretes nacionais e internacionais.