segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A Dupla Vida de Isabelle



Marine Vacth encarna a "Jovem e Bela" de François Ozon

No ano passado, os brasileiros puderam conferir dois títulos, bastante diferentes do diretor francês François Ozon. Primeiro, foi lançado o desconcertante “Dentro da Casa” (2012) onde acompanhamos, paulatinamente, o desenrolar de uma engenhosa relação perigosa entre um prodigioso estudante, na arte da escrita, e seu frustrado professor de literatura.

Já, no segundo semestre, várias capitais do país receberam o filme “Jovem e Bela”, que agora, finalmente chega à nossa cidade, com duas sessões diárias, no Cine Vitória (Rua do Turista). A produção, que concorreu à Palma de Ouro em Cannes 2013, é protagonizada pela modelo Marine Vacth. Com pouca experiência no cinema, a bela atriz de 23 anos, encarna de forma convincente, a adolescente Isabelle, que durante as férias de verão, perde a virgindade com um paquera alemão.

Ainda que acompanhada, sempre de perto, pelo olhar atento de seu irmão mais novo (vide os momentos voyeur de Victor (Fantin Ravat)), a garota quando retorna à sua rotina parisiense, começa a se prostituir, sem nenhuma explicação aparente, já que goza de uma vida confortável com a mãe (Géraldine Pailhas) e o padrasto (Frédéric Pierrot). Teria a frustração da primeira relação sexual desencadeado esse comportamento? Ciente de sua estonteante beleza, estaria Isabelle, testando o seu poder de sedução? Sua vida entediante, estimulou-a a viver perigosamente ?

Por mais que tentemos encontrar uma resposta e, por vezes, algumas supostas possibilidades sejam insinuadas em cenas que envolvem Isabelle e seus parentes, Ozon faz questão de acentuar o lado obscuro da ninfeta, além de não julgar suas atitudes, suas motivações. Longe de enveredar para um roteiro moralista, mesmo quando a dupla vida de Isabelle/Léa é descoberta pela família, o diretor e roteirista prefere desnortear o público com um encontro quase improvável, ao final da projeção.

Ainda que em “Jovem e Bela”, François Ozon confirme o domínio técnico na arte de conduzir seus filmes e atores, o roteiro não se apresenta tão bem estruturado quanto o do seu trabalho anterior, “Dentro da Casa”. No entanto, talvez o que mais inquiete o público, seja a frieza da personagem, acentuada por uma sensação de “não atuação” de Vacth.

Destaque para a trilha sonora, recheada de hits da cantora francesa Françoise Hardy e da música tema “Jeune et Jolie”

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