sexta-feira, 28 de junho de 2013

Cinéfilos São Brindados com Cinematografia Diversificada

O Sonho de Wadjda_filme_http://bangalocult.blogspot.com
Wadjda não medirá esforços para conseguir sua bicicleta

Parece que as viagens à Salvador, para “tirar o atraso” da cinematografia cult, diminuirão. Agora, não só contamos com a programação diferenciada do Cine Cult (Shopping Jardins e Riomar), mas também com o Cinema Vitória (Rua do Turista) que nos brinda esta semana com a produção francesa (“Além do Arco-íris”), a saudita (“O Sonho de Wadjda”), uma sul-coreana (“A Visitante Francesa”) e a brasileira (“Colegas”). 

A partir de hoje, serão quatro sessões diárias, sendo a primeira iniciada, às 14h, seguidas de outras às 16h, 18h e 20h. Mas nem sempre os filmes passarão, diariamente, nos mesmos horários, necessitando ao espectador ficar atento a pequenas mudanças na programação. Lembrando que o Cine Vitória não abre às segundas-feiras e, excepcionalmente, amanhã, por conta do Dia de São Pedro, ele não funcionará.

“O Sonho de Wadjda” passará hoje, às 14h e às 18h; domingo, às 16h e 20h; terça-feira, às 14h e às 20h; quarta-feira, às 14h e às 20h; quinta-feira, às 16h e às 20h. “A Visitante Francesa” do diretor Hong Sang-soo será exibido hoje, às 16h; domingo, às 18h e quarta-feira, às 16h. O filme francês “Além do Arco-íris” de Agnès Jaoui que foi exibido dentro do Festival Varilux, no mês passado, poderá ser visto ou revisto hoje, às 20h; na terça-feira, às 18h ou na quinta, neste mesmo horário. Completa a programação, o filme brasileiro “Colegas” de Marcelo Galvão, vencedor do Festival de Gramado 2012, que será exibido domingo, às 14h; terça-feira, às 16h; quarta-feira, às 18h  e na quinta-feira, às 14h.

Dos quatros filmes, destacarei “O Sonho de Wadjda” de Haifaa Al-Mansour, que além de ser a primeira produção realizada na Arábia Saudita (país que não possui salas de cinema oficiais), é a primeira dirigida por uma mulher. Na trama, Wadjda (Waad Mohammed) é uma garota de aproximadamente 10 anos, que tem o sonho de comprar uma bicicleta com o intuito de apostar corrida com o jovem Abdallah (Abdullrahman Al Gohani).  

Filha única de um casal pouco repressor para os padrões da sociedade saudita- esta guiada pelo fundamentalismo religioso- Wadjda sofre mais pela sua irreverência na escola, onde é recorrentemente repreendida pela diretora Hussa (Ahd Kamel) por usar um tênis All Star e não falar num tom baixo, como é recomendado para moças, do que em casa, onde pode ouvir suas fitas de rock sem restrições.
Mesmo assim, o clima anda pesado em casa, devido à crise que se abate sobre o casamento de seus pais. Enquanto a mãe (Reem Abdullah) não abre mão do emprego de professora e nem parece muito disposta a enfrentar outra gravidez, com o intuito de ter um filho varão, o pai (Sultan Al Assaf) de Wadjda, cada vez mais ausente, não vê problema em encontrar uma segunda esposa.

Ainda que avessa à prática religiosa, resta a Wadjda concentrar suas forças num concurso cujo tema é o Alcorão, já que o grande prêmio possibilitará a compra de seu objeto do desejo proibido. “O Sonho de Wadjda” se inspira nos filmes iranianos como “O Balão Branco” de Jafar Panahi, “A Cor do Paraíso” e “Filhos do Paraíso”, ambos de Majidi Majidi, ao utilizar crianças como protagonistas e trabalhar com questões morais próprias de países do Oriente Médio. 

 Premiado em festivais como Veneza, Roterdã e Abu Dhabi, “O Sonho de Wadjda”, no entanto é mais contundente do que os filmes iranianos acima citados, tendo como “bandeira” a liberdade das mulheres, num país em que os líderes políticos recusam-se a aderir à Declaração Universal de Direitos Humanos.

Complexo Cinemark- Enquanto o Cinemark Riomar recebe “Os Amantes Passageiros”- novo filme de Pedro Almodóvar-, “Guerra Mundial Z” de Marc Forster e três sessões de pré-estreia de “Homem de Aço 3D” de Zack Snyder, o multiplex do Jardins tem estreia de “Guerra Mundial Z”, “Todo Mundo em Pânico 5” de Malcolm D. Lee e também três pré-estreias de “Homem de Aço 3D”.

Para os fãs de Almodóvar, qualquer filme do diretor espanhol, por mais que possa ser avaliado como inferior a obras do quilate de “Tudo Sobre Minha Mãe”, “Fale Com Ela” ou “A Pele Que Habito”, torna-se obrigatório. A comédia “Os Amantes Passageiros” que aporta por aqui, no Cinemark Riomar, a partir de hoje, em cinco sessões diárias, é uma boa oportunidade para comprovar ou não, a boa forma do cineasta e roteirista à frente de obras com humor escrachado, a exemplo do que já fez em seus primeiros filmes “Pepi, Luci, Bom e outras Garotas de Montão” (1980), “Labirinto de Paixões” (1982) e  “O Que Fiz Eu para Merecer Isto?” (1984).

A história de “Os Amantes Passageiros” passa-se toda nas alturas, em um avião com problemas mecânicos para aterrissar (o trem de pouso está danificado e o comandante aguarda a liberação para fazer um pouso de emergência). Enquanto o voo prossegue da Espanha para o México, assiste-se a uma compilação de gags com forte teor sexual.

No elenco, atores já conhecidos do público cativo dos filmes do diretor, como Javier Camara, Cecilia Roth, Lola Duenas e outros rostos menos badalados, Carlos Areces, Miguel Ángel Silvestre e Blanca Suárez. Penélope Cruz e Antonio Banderas fazem participações especiais.

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