quinta-feira, 9 de maio de 2013

Títulos Franceses Para Todos os Gostos

Precisou chegar à sua 10ª edição, para que o Festival Varilux de Cinema Francês, finalmente, aportasse em terras sergipanas. Antes tarde, do que nunca...Por isso, a partir de amanhã, até o próximo dia 16 de maio, os cinéfilos e apreciadores de filmes franceses terão a oportunidade de conferir 14 títulos da produção contemporânea daquele país, no Cine Vitória, localizado na Rua do Turista (antiga Rua 24 Horas).

É bem verdade, que pelos títulos que conferi dessa programação, na semana passada em Salvador, pouca coisa me encantou. A seleção dos filmes, para exibição por aqui, poderia ter ganho um pouco mais de brilho, se fosse incluído “Ferrugem e Osso” protagonizado pela excelente atriz Marion Cottilard. A exibição deste drama ficou restrita a algumas capitais.

Sobrou para Juliette Binoche, em “Camille Claudel 1915” de Bruno Dumont, ser o chamariz do festival por aqui. Bem diferente da personificação da artista plástica francesa, amante de Rodin, feita por Isabelle Adjani no filme homônimo de 1988, dirigido por Bruno Nuytten, Binoche encarna uma Camille angustiada, aprisionada num manicômio pela família, mas ao mesmo tempo esperançosa, de que um dia, possa sentir novamente o gosto da liberdade. 

Dumont aproveita ao máximo a dramaticidade de Juliette Binoche, explorando o gestual, os closes, sua expressão quase marmórea, a fim de que o espectador deguste o melhor da dramaturgia do filme. Sua câmera minimalista, por vezes, amplia o escopo delineando a topografia montanhosa onde o manicômio se insere. O clímax dá-se pelo encontro de Camille com seu irmão Paul Claudel, renomado escritor católico francês.  

Se na vida real, o triste fim de Camille Claudel ainda revolta muita gente (viveu seus últimos 29 anos num manicômio e foi enterrada como indigente), na ficção, os espectadores não têm o que reclamar: Binoche tal qual Adjani honra a profissão de atriz representando, magistralmente, a escultora francesa.

Outro filme do Festival Varilux que aborda a vida de um artista é “Renoir” de Gilles Bourdos. Também ambientando em 1915, o drama centra-se nos últimos anos de vida do pintor Pierre-Auguste Renoir (Michel Bouquet), período em que o pintor tenta driblar as dores insuportáveis da artrite e a perda recente da esposa Aline Charigot.

É na sua propriedade em Cagnes, sul da França, que ele conhece a bela Andrée (Christa Theret), seu último modelo. Nesse ínterim, seu filho Jean (que mais tarde se tornaria cineasta), retorna ferido da Primeira Grande Guerra e, a partir daí, a convivência entre eles será um tanto conflituosa, devido aos ciúmes de ambos por Andrée.

Mesmo com uma direção de fotografia de tirar o fôlego assinada por Mark Ping Bing Lee e com uma trilha sonora composta pelo sempre competente, Alexandre Desplat, “Renoir” não chega a empolgar os cinéfilos mais exigentes.

Ainda que o leitor não curta muito o gênero animação, “O Menino da Floresta” de Jean-Christophe Dessaint é imperdível!!! Com um traço delicado e uma história envolvente e surpreendente, o desenho prende o espectador mirim e adulto do início ao fim da projeção.  

No coração de uma grande floresta, habitada por animais e espíritos, vive um jovem selvagem com seu pai, um bronco caçador. Ele sempre quis manter distância da civilização e avisou ao filho que não era para jamais ultrapassar os limites da floresta. No entanto, quando o pai cai doente, o menino é obrigado a procurar ajuda na cidade. A partir daí, ele se aventura num mundo desconhecido e vai aprender muito com a garotinha Manon. É pena que a versão dublada nos prive de ouvir a voz do cineasta Claude Chabrol, no papel do médico.

Destaco ainda “Adeus, Minha Rainha” de Benoît Jacquot e “Os Sabores do Palácio” de Christian Vincent. Não chegam a ser “fitaços”- parafraseando meu amigo Ivan Valença- mas passam como boas sessões da tarde.

Estou na expectativa para conferir “Uma Dama em Paris” com a “lenda viva” Jeanne Moreau; a mais recente versão de “O Homem que Ri” com Gérard Depardieu e “Pedalando com Molière” com dupla de atores Fabrice Luchini e Lambert Wilson. 

A programação completa pode ser conferida no site  http://variluxcinefrances.com/aracaju Os ingressos durante a semana custam R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia) e no final de semana, R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia).

* Confira a programação completa na postagem anterior

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