quinta-feira, 7 de março de 2013

"O Mestre" estreia no Cine Cult

Phoenix e Hoffman travam um "duelo de titãs" em "O Mestre"



Apesar de já ter conquistado um Urso de Ouro no Festival de Berlim pelo filme “Magnólia” (1999), algumas indicações ao Oscar pelo trabalho de diretor e roteirista em “Boogie Nights” (1997) e “Sangue Negro” (2007), além do Leão de Prata de Melhor Diretor, no ano passado, por “O Mestre”, o trabalho de Paul Thomas Anderson neste último filme foi totalmente preterido na 85ª  cerimônia de entrega do Oscar.

Somente os atores Joaquin Phoenix, Philip Seymour Hoffman e Amy Adams tiveram suas performances apreciadas com indicações nas categorias de Melhor Ator, Ator Coadjuvante e Atriz Coadjuvante, respectivamente. Aliás, os dois primeiros dividiram o prêmio de Melhor Ator no Festival de Veneza em 2012. Mas nenhum foi premiado com o Oscar deste ano. 

Pode-se dizer que foi uma injustiça para Amy Adams (quatro vezes indicada nessa categoria), que dessa vez merecia ganhar, como Peggy Dodd, a ardilosa esposa de Lancaster Dodd (Hoffman), líder da organização religiosa “A Causa” (qualquer semelhança com a Cientologia, não é mera coincidência), que promete a cura espiritual baseada na hipnose.

Excepcional também está Phoenix, como Freddie Quell, um ex-marinheiro traumatizado pela II Guerra Mundial, que de volta aos Estados Unidos, agarra-se com “unhas e dentes” à nova religião, na tentativa de encontrar um rumo para sua vida. Alcoólatra e com arroubos de violência, Freddie constrói uma relação dúbia com o líder religioso: ora paternal, ora homoerótica. 

A partir de um encontro casual num navio, o jovem torna-se o fiel escudeiro de Lancaster, acompanhando-o no trabalho de arregimentar mais seguidores para a seita e protegendo-o de figuras impertinentes, que possam desmascarar a verdadeira faceta do Mestre.

O roteiro escrito por Thomas Anderson concentra-se mais nessa relação do que, propriamente, na formação da doutrina afeita a seres alienígenas. Talvez, o objetivo do cineasta seja chamar a atenção para as consequências devastadoras de qualquer fanatismo (no caso específico, o religioso), sem deixar de criticar, com ironia, a sociedade americana da época ( década de 1950).

Além das excelentes interpretações do trio de atores, destacam-se em “O Mestre”, a trilha sonora sutil mas eficaz de Jonny Greenwood (guitarrista do Radiohead) e a detalhista fotografia de  Mihai Malaimare Jr. , que optou pelo filme no formato 65mm e  por uma câmera utilizada por Stanley Kubrick durante as filmagens de “2001: Uma Odisseia no Espaço”.

O filme pode ser conferido a partir de amanhã, às 14h, no Cine Cult do Cinemark Jardins.

3 comentários:

Robson Viana disse...

"Sangue Negro" retratava a gênese de uma certa moral americana na virada do século XIX para o século XX. "O Mestre" mostra dois desajustados num momento em que a "normalidade", mais do que nunca, era celebrada nos EUA (anos 50). O próximo filme do PTA será uma adaptação do Thomas Pynchon (tu já leu o "Vício Inerente"? - romance saboroso, espécie de homenagem aos livros de Dashiel Hammet e Raymond Chandler). A história se desenrola nos anos 70. É impressão minha ou o diretor está revisando a história estadunidense? Me empolgo muito com isso... No mais, "O Mestre" ele todo é uma espécie de exercício de estilo onírico. Em alguns momentos parece um tributo ao Kubrick. Fenomenal. Saí dele em transe.

Bangalô Cult disse...

Rapaz, não li esse livro, não.
No momento, estou às voltas com a leitura de "Alfred Hitchcock e os Bastidores de Psicose" de Stephen Rebello.
Inclusive, ontem, à noite, revi o clássico do Hitch, com uma interpretação assombrosa de Tony Perkins, com apenas 27 anos.

Robson Viana disse...

Pois bem. Dando prosseguimento a sua revisão da história americana (e, se fiel ao livro, tendo como pano de fundo o jazz, o rock, a ficção científica, as drogas, os hippies, o Vietnã etc da época), no próximo filme PTA trará um retrato da paranóia dos anos 70.