domingo, 18 de dezembro de 2011

O ator, a cantora e o carnavalesco

Cheguei hoje de Salvador, e depois de ficar quase três dias sem acessar a internet, de ligar muito pouco a TV, e só saber dos acontecimentos do mundo através dos jornais (rapidamente lidos), chego à triste conclusão de que alguns impressos, de fato, vão mal das pernas.

Senão vejamos: compro o Globo e o Estado de São Paulo de hoje e não consigo encontrar uma linha sequer sobre a morte da cantora caboverdiana, Cesária Évora, no diário carioca. No "Estadão" é possível ler um breve resumo da carreira da artista, que despontou mundialmente, no final dos anos de 1980, início de 1990.

Não me lembro direito como conheci o talento de Cesária. Se algum amigo me indicou o som ou se eu mesma, garimpando novos talentos nas lojas de discos, deparei-me com aquela voz possante e ao mesmo tempo acolhedora. Só sei que me arrependo horrores, de não ter ido a Salvador, uma certa feita, para assisti-la, no Farol da Barra, dentro da programação do 1o festival África Brasil (última vez que se apresentou no país). Depois dessa possibilidade, só pude consumir seus discos um a um, até me deleitar .

Mas voltando à questão da mídia, de que falava anteriormente, como se isso fosse pouco, o desdém da imprensa carioca, não poupou Joãosinho Trinta. No Jornal O Globo de hoje, no canto superior esquerdo da 1a Página, vê-se a foto do ator Sérgio Britto também morto ontem, aos 88 anos, e do carnavalesco maranhense, de 78, anunciado no obituário. Ao abrir a referida página 38- do Obituário- cuja metade já estava ocupada pelo "O Tempo no Globo" (seção metereológica), vi que não tinha sido escrito mais do que um parágrafo sobre João Clemente Jorge Trinta. 

O espaço reservado ao ator Sérgio Britto foi digno, respeitoso, justo, mas penso que Joãosinho Trinta merecia espaço similar, como foi o reservado para ele na edição de hoje do Estado de São Paulo, na seção Memória. Não sei se estou me precipitando, talvez amanhã, saia até uma matéria caprichada em O Globo sobre o maranhense que revolucionou o Carnaval do Rio de Janeiro, modernizando a tradicional festa brasileira, com enredos arrojados (muitos impensáveis de ser colocados na avenida) que deram muitas conquistas ao Salgueiro, Beija-Flor e Viradouro.

Mas o fato é que hoje, um dia após a morte do carnavalesco, a repercussão no jornal foi pífia. Pena que o Jornal do Brasil, seu grande concorrente, deixou de rodar há pouco mais de um ano e, agora, só possa ser lido na tela de um computador. Espero que O Globo não prove no futuro de seu próprio veneno, quando deixar de circular também nas bancas de jornais: o de ser esquecido.

3 comentários:

Juliane Balbino disse...

Disse bem, O Globo pode provar o seu próprio veneno em breve...

Rui disse...

Suyene,
Vi "Um Conto Chinês" em São Paulo. Que pena que o cinema nacional não sabe fazer filmes sensíveis que se comunicam com o público como esse faz brilhantemente. Deveria esquecer a rivalidade e procurar a fórmula na Argentina (principalmente de como fazer um roteiro).

Bangalô Cult disse...

Ôpa, Rui!! Concordo com sua colocação.
Ainda falta eu falar de mais três filmes, que assisti neste final de semana, em Salvador.
São eles: "Os Nomes do Amor", "Dawson Ilha" 10 e "Minhas Tardes com Margueritte".
Vamos ver se algum desses passa por aqui.