quarta-feira, 7 de julho de 2010

Couro Artesanal



O projeto “Encourados do Sertão Sergipano”- desenvolvido ao longo de um ano pela historiadora Sayonara Viana e pelo fotógrafo Francisco Moreira da Costa- e contemplado pelo Microprojetos “Mais Cultura” edital do Ministério da Cultura, FUNARTE, INEC e Secretaria de Estado da Cultura, revelou não apenas o artesanato em couro como um produto de uso, mas como uma forma de arte que encerra um sistema complexo, uma rede de saberes, indo além da sua função utilitária ou decorativa, representando uma das formas de materialização da memória e de tradições mantidas por artesãos.

O público poderá conferir um pouco do que os pesquisadores encontraram no interior sergipano, na exposição que será aberta logo mais, às 18h, no Museu do Homem Sergipano. Com projeto expográfico assinado por Zilton Cavalcante, a exposição “Encourados do Sertão Sergipano” é dividida em quatro módulos- ferramentas, uso, oficina e festas- e conta com 20 fotografias, objetos e projeção de slides.

“No vernissage, será também lançado um catálogo que prioriza a valorização de um processo de trabalho secular do artesanato em couro, divulgando o saber-fazer que corre o risco de extinção devido à falta de mão de obra especializada. Nesse primeiro momento, identificamos o artesanato em couro produzido nas cidades de Canindé do São Francisco, Gararu, Monte Alegre, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora de Lourdes, Poço Redondo, Porto da Folha, Aquidabã, Cumbe, Feira Nova, Graccho Cardoso, Itabi e Nossa Senhora das Dores. Nosso intuito, no entanto, é ampliar essa pesquisa para o restante do Estado e mapearmos toda a produção de couro sergipano”, explica Sayonara Viana.

Ao todo, o fotógrafo registrou 1.090 fotos, sendo que deste universo, cerca de 50 estarão divididas entre ao catálogo e a exposição propriamente dita. Para Francisco, é mais fácil fotografar que escolher aquelas que entrarão para a exposição. “Nessa hora eu levo em consideração o discurso (já que a gente quer contar uma história) e, ao mesmo tempo, a questão estética-fotográfica. Eu procuro respeitar o discurso com boas fotos. Mas se uma foto não for “a foto” que eu acho, mas tiver importância para contar uma história, ela entra. Eu não a deixo de fora, senão a exposição se dilui”, disse.

Para não correr riscos de deixar belos cliques fora do alcance do público, Francisco Moreira da Costa preparou uma projeção de fotos (fora da exposição e do catálogo) em slides que serão mostradas na noite de abertura de “Encourados do Sertão Sergipano”. Nesta mesma ocasião, haverá apresentação de esquete do grupo teatral História em Cena e presença musical de Robertinho dos Oito Baixos. O projeto, que contou ainda com a realização de uma oficina, ministrada por José de Lira Raimundo e Sebastião da Silva, ainda deverá produzir belos frutos.

Por enquanto, quem quiser conferir a exposição, ela ficará em cartaz até o dia 09 de agosto, no Museu do Homem Sergipano (Rua Estância, 228) e o horário de visitação é de segunda a sexta-feira, das 9 às 12h e das 14 às 17h. Visitas monitoradas podem ser agendadas através do telefone 3302-5841. O acesso é gratuito.

Texto: Suyene Correia 

Fotos: Francisco Moreira da Costa (crédito) 

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