segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O Cinema é logo ali, na Marquês de Sapucaí


Acabei de assistir ao desfile da Unidos da Tijuca pela TV e estou sem fôlego!!! Foi como assistir a um filme de Luchino Visconti ou de Peter Greenway. A riqueza de detalhes, o apuro visual, a paleta de cores, a direção de arte como um todo fez não só o público de casa (diante dos diversos e-mails elogiosos) mas também os comentaristas da emissora delirarem ao longo dos 80 minutos em que a escola teve para desfilar no sambódromo.

O carnavalesco Paulo Barros  desenvolveu com extrema criatividade o enredo "É Segredo!" e abusou da sorte, se arriscando em algumas alas e alegorias, com o excesso de coreografias e efeitos. Uma das maiores sacadas do carnavalesco (que não sei como foi avaliada pelo júri especializado) nesse desfile foi a comissão de frente.

De um teatro improvisado na avenida, saíam mágicos e ajudantes dispostos a "iludir" o público com truques de ilusionismo. As passistas trocaram de roupa cerca de seis vezes, em poucos segundos, diante d enossos olhos, enquanto faziam coreografias bem ensaiadas com seus pares. A cada apresentação, dava aquele frio na barriga: será que vai acontecer algum deslize? O truque dará certo? Ainda bem que não percebi falhas, e acho, que de fato, não aconteceram.

A partir de então, a cada ala, a cada carro alegórico, uma surpresa agradável, onde o luxo foi substiuído por muita ousadia, vontade de fazer diferente. A Biblioteca de Alexandria sendo incendiada na avenida por Aureliano; a bateria formada por mafiosos com direito a rolls-royce e dama da Máfia (Adriane Galisteu); o Jardim Suspenso da Babilônia ecologicamente correto, com 50 mil mudas de plantas; a ala de super-heróis, trazia homens-aranhas escalando uma parede de nove metros e batmans descendo a mesma parede com esquis; o último carro alegórico "Seu Olhar Vou Iludir" trazia um enorme pavão cujas "penas" eram comandadas por 200 pessoas da comunidade.

Enfim, o desfile foi uma verdadeira aula de pesquisa, animação, garra e criatividade. Bem que podiam contratar Paulo Barros para dirigir a arte dos filmes nacionais. Pelo menos, nesse quesito não íamos deixar barato...

Texto: Suyene Correia

Fotos: Julio César Guimarães/UOL

Legenda da Foto 1: Biblioteca de Alexandria que pegou fogo em plena avenida

Legenda da Foto 2: Parte da Comissão de Frente que inovou com número de ilusionismo