terça-feira, 14 de julho de 2009

"Destino" não sabe de onde vem, nem prá onde vai...











A noite de sábado, no Theatro Municiapal de Paulínia, foi surreal. Eu diria que...bizarra.

Nada deu errado, não. Pelo contrário. Acho até que o operacional do festival começou a engrenar nesse terceiro dia de evento. Mas é que dois filmes de péssima qualidade foram exibidos na mostra competitiva.

O primeiro diz respeito ao pretensioso documentário sobre Os Mamonas, feito por Cláudio Kahns. Se eu já achava o grupo ridículo na época que fieram sucesso, agora, vendo tudo de novo, 13 anos depois, torna-se indigesto. Ainda mais, como foi feito o documentário: de uma maneira extremamente tosca, sem nenhum arrojo cinematográfico e porque não dizer, enfadonha.

Aguentar os parentes de Dinho e Cia. Ltda. falando de seus entes queridos, não é fácil. Mas o cúmulo mesmo é o documentário se resumir aos depoimentos desses personagens e mais a namorada do cantor e os dois empresários que a banda teve. Não se ampliou o universo do 'fenômeno' Mamonas para especialistas da área musical, jornalistas e até cantores ou bandas que inspiraram o quinteto comentarem sobre o assunto. Tudo é muito familiar e, só.

E o que dizer do desfile de animações utilizadas durante os 85 minutos de projeção, sem sentido estético algum ou narrativo à trama? O pior é ouvir do diretor que o material apresentado se propõe a mostrar imagens inéditas da banda e de bastidores, jamais vistas antes. Uma ou outra, pode até ser, mas a maioria mesmo, é o que foi exaustivamente mostrado nas emissoras de televisão da época, quando as mesmas aproveitaram o 'fenômeno' para se degladiarem na arena do ibope. Nada demais.

Como se fosse pouco o esforço feito para engolir 'esse caroço de jaca', a terceira noite de projeção ainda reservaria aos espectadores mais emoções desagradáveis. Dessa vez, foi nos ofertado a produção sino-brasileira, produzida por Lucélia Santos e dirigida por Moacyr Góes ( diretor de filmes da estirpe de "Maria- A Mãe do Filho de Deus", "Xuxa Abracadabra", "Dom" e "O Homem Que Desafiou o Diabo").

O filme é uma mistura de folhetim barato com novela mexicana decadente e sei lá, mais o quê. O roteiro -várias vezes mexido por questões de censura do governo chinês- se fosse comparado a um prato típico daquele país, seria 'Família Feliz' (tão apreciado pelos admiradores da gastronomia chinesa), só que aqui, passado do ponto.

Ficou bem claro, desde o início ( confirmado por Lucélia no debate) que a trama que mistura aventura, amor, religião e muito merchandising de forma sobrenatural estaria mais voltada para o público asiático. Porém, uma co-produção dessa magnitude, com Diler Trindade por trás, ficaria a ver navio em seu próprio país ?
"Estamos focando o mercado asiático, sobretudo o chinês. Não temos previsão de estrear no Brasil, mas gostaríamos que quando isso acontecesse, pudéssemos utilizar o slogan- visto por .... milhões de habitantes ", comentou Trindade.
A verdade é que o filme tem três versões para o cinema (assistimos a terceira) e projeto de virar mini-série, formato este que deverá ser exibido no país tropical. Por falar em trópicos, o filme é uma "Salada Russa em Paris", já que os personagens se expressam em inglês, mandarim e português (sem esquece as legendas em inglês e português). Será que tinha como esse projeto desenvolvido durante 13 anos dá certo?

Mas se Lucélia Santos não foi bem como produtora, como mãe protetora de seu "bebê não tão perfeito assim"- forma como ela comparou o filme, antes da exibição no Theatro Municipal de Paulínia- ela foi exemplar. No debate da manhã de domingo, ela reconheceu todas as falhas que "Destino" possui, contudo deixou claro que não "o abandonaria no meio do caminho e procuraria ter uma atitude positiva em relação a ele (o filme)".

Positiva mesmo, só a escolha dos atores 'pseudo-chineses' (alguns marinheiros de primeira viagem, outros não) que são nascidos no Brasil, mais de origem chinesa. Além de serem belos, atuaram de forma esforçada e não comprometedora.

Que vocês não tenham no seu destino, a oportunidade de conferir essa pérola.

Texto e Fotos: Suyene Correia


Fotos 1, 2 3: Atores de ascendência chinesa que trabalharam no filme "Destino", além da produtora Lucélia Santos
Foto 4: O diretor geral do festival, Ivan Melo, o produtor Diler Trindade e o elenco principal de "Destino"

3 comentários:

Márcia disse...

Sabe aquele tipo que quanto mais ouve que o filme é ruim, mais tem vontade de assistir. Sou assim. Já estou doida para assistir "Destino". kkk

Márcia disse...

Sabe aquele tipo que quanto mais ouve que o filme é ruim, mais tem vontade de assistir? Eu sou assim! Já estou doida para assistir "Destino". :P

Lara disse...

kkkkk

Que trecho genial:
"O roteiro -várias vezes mexido por questões de censura do governo chinês- se fosse comparado a um prato típico daquele país, seria 'Família Feliz' (tão apreciado pelos admiradores da gastronomia chinesa), só que aqui, passado do ponto."

Estava inspirada hein?!