segunda-feira, 6 de outubro de 2008

"Capotei" na Virada Cinematográfica

Gente, não foi fácil ficar com os olhos atentos aos três filmes exibidos na 2a Virada Cinematográfica promovida pelo Cine Cult (leia-se, Roberto Nunes) com o apoio do Cinemark, na madrugada de ontem.

Não só porque meu dia tinha começado cedo- no sábado, pela manhã, fui ao cinema assistir a uma sessão para convidados de "Chega de Saudade", o excelente filme de Laís Bodansky- como também pela qualidade dos filmes exibidos nesta sessão especial.

Estava curiosa em ver a mega-produção "Encarnação do Demônio" de José Mojica Marins e a animação "Branca De Neve Depois do Casamento", uma co-produção da Bélgica, Polônia, Inglaterra e França.

O filme surpresa somente foi revelado minutos antes de sua exibição. Terminou sendo "Ainda Oragotangos", um plano seqüência de 80 minutos sem pé nem cabeça, dirigido por Gustavo Spolidoro, que anda fazendo sucesso em alguns festivais por aí.

O primeiro filme da noite, "Encarnação..." até que atendeu às minhas expectativas. O filme tecnicamente é bem feito e nada lembra as produções toscas das décadas de 60/70 de Zé do Caixão. É bem verdade que a história é fraca, mas quem se importa? O que vale aqui é rir das escatologias mostradas na telona ou virar o rosto (como vi algumas garotas fazendo durante a exibição) num misto de aversão e "gênero".

Valeu a espera de três meses (ele foi o vencedor do I Fest Paulínia, em julho deste ano, mas voltei antes de sua exibição no festival do interior paulista) para ver o filme que fecha uma trilogia de Zé do Caixão, iniciada por "À Meia-Noite Levarei Sua Alma" (1963) e, na seqüência, "Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver" (1966).

Após um breve intervalo, onde os ânimos foram revitalizados à base de refrigerante e água, o público de mais de 400 pessoas, que preencheu quase que totalmente as salas 5 e 6, retornou aos seus lugares para conferir "Ainda Orangotangos" do gaúcho Spolidoro.

O filme é baseado no livro de Paulo Scott e termina sendo um emaranhado de várias pequenas estórias. Personagens que não têm, a princípio, nenhuma ligação uns com os outros, de repente, vemos que suas vidas são mais próximas do que eles mesmos possam imaginar.

Não é pelo fato de ser o primeiro plano-seqüência do país, que Spolidoro sai vitorioso dessa experiência inaugural. Pelo contrário, mostra que apesar de contar com atores muito bons (na sua maioria), precisa se afinar melhor com o roteiro. Fico imaginando se um sergipano fizesse algo similar- filmar tantas situações banais, sem nada a dizer- será que teria tanta mídia assim...

Já eram quase 4 da matina, quando iniciou o derradeiro filme desta virada, "Branca de Neve Depois do Casamento" de Jean Paul 'Picha'. Pensei que iria me divertir com esta sátira aos contos infantis, não só enfocando Branca de Neve e os 7 Anões, mas também A Bela Adormecida e Cinderela.

Qual nada???!!! O filme de conotação erótica nem atinge o público infantil (a censura é 16 anos) e nem o público adulto, já que a avalanche de besteirol é inenarrável. As piadas são de péssimo gosto e quando o diretor arrisca ser mais inteligente (tentando seguir algumas boas tiradas de Shrek), derrapa ladeira abaixo.

Vamos ver se da próxima vez, tem filmes mais "cabeça" e o público maduro, que até agora, não se mostrou entusiasta da virada, marque presença. Roberto diz que a dificuldade de conseguir boas películas dá-se pelo fato dos distribuidores colocarem muitos obstáculos para liberar as cópias para cá. Tentemos, então, tirar essas pedras do sapato...

P.S. O café da manhã patrocinado pelo Shopping Jardins e preparado pelo Ágape estava DIVINO!! Os refrigerantes foram uma gentileza da CIAL (Coca-Cola) e o Forno de Minas também apoiou a virada.


Foto: A Bela Adormecida se arruma para conquistar o marido de Branca de Neve

Suyene Correia

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