quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Hoje tem Jazz?? Tem, sim senhor....

É incrível, como os sergipanos reclamam de barriga cheia. Queixam-se que em Aracaju não aportam bons espetáculos, mas, na verdade, eles é que não valorizam as atrações que passam por aqui.


Ontem, no palco do TTB, Judy Carmichael bem acompanhada de seis músicos -ED Ornowski (bateria), Michael Hashim (sax), Dan Barnett (trombone), Nick Payton (sax) e David Blenkhorn (violonista), além do cara do piston, que não consigo achar a referênia- encantaram o público presente.


Um público, diga-se de passagem, que ocupou apenas cerca de 15% da capacidade do Teatro Tobias Barreto. Mesma média de público que foi conferir a maravilhosa voz de Virgínia Rodrigues e os sincopados de Rosa Passos.


Enquanto o show de jazz internacional custou R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)- mesmo preço para Virgínia Rodrigues, Jota Velloso e Patrícia Polayne- Rosa Passos, no MPB Petrobras, custou apenas R$ 20 (inteira) e R$ 10 (inteira).


O valor aqui, não é a desculpa, já que se lota o teatro para ver o cover do Djavan- Jorge Vercilo- e paga-se R$ 50 para ver Ivete Sangalo dando voltas em cima de um trio numa praça de eventos.


Os públicos podem ser até distintos para cada uma dessa atrações, mas, que paira no ar dessa terra uma insatisfação permanente com a cena cultural, isso paira. É por isso, que os produtores culturais daqui, não se arriscam mais.


Não investem em grandes musicais, em peças dramáticas que contem com estrelas do quilate de uma Cleide Yáconis, Glória Menezes e Irene Ravache, em espetáculos internacionais. O único filão ainda resistente ao fracasso é a dança. Mesmo assim, a Cia. de Dança Débora Colker esteve aqui, recentemente, mas não encheu o TTB como em 4 x 4.


Não dá para entender... Só o Cirque du Soleil, com ingressos custando a bagatela de R$ 150 a 300, lotaria o teatro sem sombra de dúvidas.


Mas enquanto não tiver marmelada por aqui, e nem goiabada, que aproveitemos o que tem de melhor na cidade. E para aqueles que não foram ontem, conferir o Jazz Festival Brasil, hoje tem Gunhild Carling featuring Chris Flory e Leroy Jones Quintet. Amanhã, encerrando o evento, David Braid Sextet e Irakli and the Louis Ambassadors.

Foto: Judy e Dan Barnett

Crédito: Lucas Viggiani

Suyene Correia

Um comentário:

Diretor disse...

Concordo plenamente com você, quando fala que "[...] os sergipanos reclamam de barriga cheia. Queixam-se que em Aracaju não aportam bons espetáculos, mas, na verdade, eles é que não valorizam as atrações que passam por aqui." e ainda acrescento que nem os que passam e muito menos os que estão aqui. A população aracajuana não valoriza o chão que pisa, as suas raizes. Sou Pernambucano de Recife,morei alguns anos em Salvador e já estou a 6 anos na terra do caranguejo e fico muito triste com o aspecto cultural desta cidade. Vale lembrar que a cena cultural em Aracaju está crescendo e ganhando força, não só a cultura popular como também a erudita (linhas de pesquisa em dança e teatro). Fiquei muito feliz com a re-estréia de "Senhor dos Labirintos" do Grupo Imbuaça, no Teatro Atheneu, casa lotada(praticamente por convidados e personalidades), mas não vi quase ninguém no Teatro Tobias Barreto no sábado 14/09 para assitir o Grupo Primeiro Ato,de Belo Horizonte, apresentando "Geraldas e Avencas" com trilha do magnifico Zeca Baleiro. O Teatro estava vazio, se pudesse colocar todos que estavam lá no setor central da platéia não ocupava todas as poltronas. Quem não foi perdeu um belo espetáculo.
A Secretária de Cultura do Estado promove a 2 anos a "Semana Sergipana de Dança" com grupos locais e infelizmente quase não tem público, salvo pais e amigos dos grupos presentes. Neste ano,a Noite que mais o público cmpareceu, foi n 3º noite de evento (sábado), onde a CUBOS COMPANHIA DE DANÇA apresentou seu trabalho, que infelizmente não pôde estrear em Aracaju e dias antes a fez a Convite do 5º Fórum de Dança em São Paulo. (tática usada para divulgar o espetáculo no próprio berço).
Um ponto também eu acho importante lembrar são os produtores locais. Eles (não digo todos) falam que a qualidade dos trabalhos pesquisados e apresentados por artistas sergipanos são de qualidade, mas "choram" para o artista baixar o valor do cachê e acabam trazendo outros artistas, como por exemplo, de Salvador e Recife, por um cachê um pouco menor, mas tendo que "correr atrás" de patrocinio para pagar as despesas com passagem, hospedagem, alimentação e transporte local, encarecendo a produção.
Se os próprios produtores locais não buscam acordos com os artistas locais, como um grupo da "terra" pode ter espaço? Como o sergipano pode ter trabalhos de qualidade e parar de "Queixar-se que em Aracaju não aportam bons espetáculos,[...]".
Fica a dica para os produtores locais, para a imprensa e para o público em geral, observem mais o seu espaço, suas possibilidades que todos saem ganhando.